criações
Que não se fale dos velhos tempos
Um casal permanentemente perdido, joga, nos rituais domésticos, uma vida gasta e encravada, onde a palavra se solta como conforto e confronto, misturando tempos, o do presente, onde o nexo se perde a cada gesto, e o do passado, onde, talvez, houvesse matéria para mais do que isto, o quase nada que agora partilham.
FÁBULAMÃE
Presa em parte incerta, uma mãe dedica-se à reconstituição do caminho que a trouxe até aqui, até este espaço e este dia onde alternativa não tem a não ser interpretar-se a si própria, dividindo-se em muitas para que melhor se possa compreender na sua dolorosa totalidade.
Um grito depois do silêncio
Do lugar de uma mulher, sempre do lugar de uma mulher – a mulher invisível, a mulher cansada, a mulher silenciada. Do lugar de uma mulher que segura as palavras dentro da boca, mas na sua cabeça gritam as palavras que não grita na boca.
Diacrítico
Uma mulher submete-se a uma experiência declaradamente teatral, experiência que, pelo seu progresso errático, baptiza a nossa protagonista sem nome com um que a mitologia, a literatura e o teatro sacralizaram como símbolo do poder feminino: Medeia.
De Profundis
Pegando no ora frio, ora desenfreado lirismo de “De Profundis” (o livro), pretende-se criar um espectáculo de teatro, “Alfred”, que viaja sonora e atmosfericamente pela obra, contrapondo uma outra forma e uma outra estrutura dramatúrgica às concretas paisagens e narrativas que o autor compõe
M.A.D.
É impossível abraçar o mundo todo. A sua labiríntica complexidade estarrece-nos. Os seus equilíbrios políticos e culturais são infinitamente delicados e deles depende um quotidiano, o nosso, em que, muitas vezes, nos vemos obrigados a tornar menos afiada a nossa consciência por forma a funcionar socialmente. E a procura de refúgios onde ser-se humano possa…
Vida e obra de um homem mais ou menos apresentável
Não se lhe conhece o nome, não se lhe conhece a idade. Um anónimo entre muitos, estes segundos apenas vislumbrados pela voz do primeiro, numa loja também ela anónima, um trabalho como qualquer outro, um emprego, antes, um conjunto de tarefas repetitivas, esmagadoras, cumpridas sob o chicote de uma eterna avaliação selvática.
A Mulherzinha
O espectáculo, montado como se de uma composição sinfónica se tratasse, encontra nas palavras de Kafka uma pauta de impotências, palavras essas que usurpámos aos livros, aos contos e aos aforismos.
Diário de um louco
Um homem, funcionário público, fidalgo, bem-pensante, arrogante, sumamente pobre, orgulhoso membro das classes altas da sociedade russa de meados do século XIX, redige, à luz da vela, o seu diário, traduzindo, em palavra escrita, os assombros, frustrações, medos e amores que, à clara luz do dia, não ousaria jamais enunciar.